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São muitas as possibilidades da causa de uma doença, mas independentemente da sua causa, existe sempre uma contradição. Essa contradição, invariavelmente, começa no nível da alma e precisa ser explorada, conhecida e compreendida. Só a partir dessa compreensão é possível fazer um prognóstico real e iniciar um tratamento de cura.

Essa contradição é como uma ferida na alma que se manifesta no corpo físico, mostrando que existem duas forças atuando em sentidos opostos dentro da pessoa. O resultado desse cabo de forças é uma fenda na substância da alma, que se manifesta no corpo físico de acordo com a genética, com uma série de leis físicas, psicológicas e espirituais, mas que podemos resumidamente chamar de karma.

O karma determina até mesmo o local em que a pessoa escolheu morar. Ela acredita, às vezes, que escolheu aquele lugar, mas se não está acordada, ela é escolhida e levada por impulsos inconscientes que ela chama de escolha, e até mesmo esse ambiente influenciará em seu estado físico. Da mesma forma, o alimento que ingerir terá influência, a atividade física que faz ou não faz, as relações que mantém e, obviamente, a herança genética que traz. Mas todas essas portas de acesso, ou portas que se abrem para a manifestação da doença, determinados pelo karma, começam nesse distúrbio, nessa contradição no nível da alma.

Existem doenças e doenças. Dependendo do lugar em que ela se manifesta, e como se manifesta, o próprio local do corpo afetado trará mensagens específicas. É verdade que o corpo fala. Cada parte dele diz muito do mundo psicoemocional e espiritual de cada um de nós. Ele é uma porta e tanto para entender esse conflito que gerou a doença. A gente percebe que determinadas patologias estão relacionadas à tristeza, outras ao medo, algumas à raiva guardada, outras tantas à amargura e assim por diante.

As desordens e desequilíbrios começam sempre no nível da alma, e depois vão descendo até chegarem no nível mental. Desequilíbrios no nível da alma são um esquecimento do que a pessoa veio fazer aqui nesse mundo. Quando chegam no mental geram confusões, condicionamentos, conceitos rígidos e cristalizados. Depois vão para o emocional, causando uma série de diferentes sintomas – ansiedade, angústia, tristeza e pânico. Então, seguem para o energético, desequilibrando o centro de energia, e por fim, chegam ao plano físico, na forma de doenças – primeiramente nos sistemas nervoso e endócrino, e depois se espalham por todo o organismo até chegar nos ossos, que seria a forma mais densa dela se manifestar.

Como disse, nosso corpo diz muito sobre nós e podemos usar os sintomas para compreender a natureza desse conflito. Ao notar-se doente, experimente perguntar-se: o que é que está acontecendo comigo? Qual é a natureza dessa contradição em mim? Onde eu deveria estar agora? Onde estou escolhendo estar através do uso do meu livre arbítrio? Nesse estágio de evolução da consciência humana, recebemos esse poder do livre arbítrio, mas é bem raro aquele que sabe usá-lo, até porque, se existem esses impulsos inconscientes agindo, o livre arbítrio acaba sendo muito relativo.

Por isso, eu convido aqueles que, de alguma maneira se sentem adoecidos, a tomarem consciência das suas contradições, tomarem consciência dos conflitos profundos que carregam, porque em essência, são eles as verdadeiras causas das doenças.

Se o Eu maior em você quer tomar uma direção e o eu menor, obstinado em seguir os condicionamentos, vai em outra direção, um cabo de força se estabelece aí dentro. No nível físico é fácil entender isso: se alguém puxa seu braço esquerdo para um lado e outro alguém puxa seu braço direto na direção oposta, ao mesmo tempo, é fácil compreender que você vai ser rompido ao meio. No nível emocional, mental e da alma acontece o mesmo. O espírito é o único que não se divide, mas em todos os outros níveis pode haver a divisão e, obviamente, a cura significa eliminar essa divisão.

A cura significa você colocar os dois pés numa canoa só. Significa você colocar as duas mãos na mesma direção. É muito valioso tomar consciência dessas contradições. É, no mínimo, o primeiro passo para superá-la, o primeiro passo para a cura.

Portanto, eu lhe convido a experimentar colocar em prática um exercício bem simples: algumas vezes no seu dia, se desligue do mundo lá fora, feche os seus olhos e coloque o foco no fluxo da sua respiração. Permita-se descansar no seu silêncio. Aos poucos você vai se desassociando da mente e rompendo com o pensador compulsivo que te habita, podendo ampliar o poder da sua auto-observação, que é, sem dúvida, o principal requisito para a expansão da consciência.

Entendo o cultivo do silêncio como a base para quem quer se conhecer, e nesse caso, se curar, porque permite que você se observe. Em silêncio você pode notar o tumulto que te habita e as raízes em que essa desordem é gerada, abrindo espaço assim, para se aprofundar no processo de cura e transformação. Diante de uma doença, você pode, muitas vezes, precisar de um tratamento médico, algo que vem de fora para dentro. Mas lhe garanto que se você trabalhar também de dentro para fora, em busca das respostas que o seu ser carrega, os resultados serão ainda mais efetivos.

O processo de autoinvestigação está a serviço de desbloquear o fluxo da vida – que em outras palavras, pode ser entendido como o fluxo da saúde, porque saúde é uma dimensão da vida – criando possibilidades para o corpo se reestabelecer. O cultivo do silêncio é capaz de abrir uma clareira que permite ventilar esse campo da alma que está em desordem. Esse assunto é profundo. Torço para que possamos iluminar o sim para a vida.

 (Fonte: sriprembaba.org)

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