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As relações entre eu e o outro podem ser simbolizadas pelo número 4. Em toda relação, algo parte do mundo ou do outro até o meu eu e de mim até o mundo ou aquele com quem me relaciono.

Curiosamente, os antigos viam na estrutura da realidade a permanência de 4 elementos que identificavam-se com 4 temperamentos básicos da estrutura humana.

Há aqueles que recebem o mundo de forma mais aérea, dispersiva; como o ar que circula por toda parte sem se reter, eles não se fixam. São os sangüíneos.

Há aqueles que se alastram e aquecem; são marcantes e vivazes como o fogo. São os coléricos.

Há aqueles que precisam que as coisas fixem raízes para que possam apreciá-las. Precisam de tempo e constância para dar frutos, como a terra. São os melancólicos.

E há aqueles se adequam mais passivamente, como a água se adequa ao seu recipiente. Que não se sobressaltam aos impactos. São os fleumáticos.

Curiosamente, a estrutura do número 4 descreve as relações na própria estrutura da realidade e os elementos da natureza podem se relacionar simbolicamente com um elemento da estrutura humana porque os elementos da criação dialogam nas nossas impressões.

Contudo, nós também somos, de certo modo, criadores da realidade. Criadores de nós mesmos. Não somos bichinhos. E sobre essa estrutura fundamental construímos nossa personalidade. Sim, recebemos do destino um temperamento e ele ordena nosso diálogo com o mundo. Porém, como co-criadores da nossa história dentro da nossa relação com o mundo, desenvolvemos nossa personalidade. E, na tarefa do desenvolvimento da personalidade, de nos tornamos quem devemos ser, culpar o temperamento e não tentar domar sua natureza é não apenas fraqueza - mas idolatria: é dizer que algo acima desse EU, desse poder que Deus te deu de fazer a si mesmo no mundo te domina total e arbitrariamente.

Prova de imaturidade é pôr a culpa em algo além do nosso livre-arbítrio, esse sinal de Deus em nós muito mais forte do que a estrutura básica da nossa natureza.

 

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